Notar que os olhos de uma criança estão desalinhados pode causar preocupação nos pais, e com razão. O chamado estrabismo infantil é uma condição que afeta o alinhamento dos olhos, fazendo com que cada um aponte para uma direção diferente. Mas será que todo desvio ocular é motivo de alerta? E quando é o momento certo de buscar ajuda?
Neste artigo, vamos explicar como identificar o estrabismo em crianças, quais são suas causas e os principais caminhos para o tratamento.
O que é o estrabismo infantil?
O estrabismo ocorre quando os olhos não estão alinhados corretamente, ou seja, um olho olha para frente enquanto o outro se desvia. Esse desvio pode ser:
- Convergente (em direção ao nariz);
- Divergente (para fora);
- Vertical (para cima ou para baixo, chamado de hipertropia ou hipotropia).
Apesar de o termo “vesgo” ser popularmente usado, ele não abrange toda a complexidade dessa condição. É importante lembrar que o estrabismo não é apenas uma questão estética, ele pode afetar diretamente o desenvolvimento da visão infantil.
E o “olhinho torto” em bebês?
Nos primeiros meses de vida, é comum que os olhos dos bebês pareçam desalinhados de forma intermitente. Isso se deve à imaturidade do sistema visual, que ainda está se desenvolvendo. Por volta dos 4 meses de idade, os olhos da criança devem começar a trabalhar de forma coordenada.
Outro fenômeno frequente é o pseudoestrabismo. Nesse caso, a criança parece ter os olhos desviados por conta da anatomia do rosto, geralmente uma prega mais larga no canto interno dos olhos. No entanto, os olhos estão perfeitamente alinhados.
Se, após os 4 meses, o desalinhamento ocular persistir ou for constante, é fundamental procurar um oftalmologista.
O estrabismo afeta a visão?
Pode afetar, sim. Em alguns casos, a visão permanece normal, principalmente quando o desvio é leve ou intermitente. Porém, quando o olho desalinhado não recebe estímulo visual adequado, pode ocorrer a ambliopia, conhecida como “olho preguiçoso”. Isso significa que o cérebro começa a ignorar a imagem que vem do olho afetado, levando a uma perda visual que pode se tornar permanente se não for tratada a tempo.
Além disso, o estrabismo pode ser consequência de outros problemas visuais, como catarata congênita ou cicatrizes na retina por infecções como toxoplasmose.
Como é feito o diagnóstico?
Somente um oftalmologista pode diagnosticar corretamente o estrabismo. O exame completo inclui a avaliação da refração (grau dos olhos com pupilas dilatadas) e o exame de fundo de olho. É importante que essa avaliação seja feita o quanto antes, especialmente se houver histórico familiar ou sinais persistentes de desalinhamento.
Quais são as causas do estrabismo?
Na maioria dos casos, o estrabismo infantil é causado por alterações no controle neuromuscular dos movimentos oculares, ou seja, um problema de comunicação entre o cérebro e os músculos dos olhos. Em casos mais raros, o problema está diretamente na musculatura ocular.
Como é o tratamento do estrabismo em crianças?
O tratamento depende do tipo e da gravidade do estrabismo. Entre as opções estão:
- Óculos com grau, quando há erro de refração associado;
- Tampão ocular, utilizado para estimular o desenvolvimento do “olho preguiçoso”;
- Toxina botulínica, aplicada em casos específicos para ajudar no alinhamento ocular;
- Cirurgia, indicada quando outros métodos não são suficientes para corrigir o desvio.
A cirurgia de estrabismo é feita nos músculos que movimentam os olhos, com o objetivo de posicioná-los corretamente. Ela é segura, realizada sob anestesia geral e costuma durar entre 1 e 3 horas. A recuperação é rápida, e a criança pode voltar às atividades escolares cerca de uma semana depois.
Quando procurar um especialista?
Você deve agendar uma avaliação oftalmológica se notar que:
- O desvio nos olhos persiste após os 4 meses de idade;
- O desvio ocorre o tempo todo, mesmo antes dessa idade;
- A criança fecha um olho com frequência ou parece ter dificuldade de focar;
- Há histórico familiar de estrabismo ou outros problemas oculares.
Conclusão
O estrabismo infantil é uma condição comum, mas que exige atenção. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores as chances de preservar a visão e garantir o desenvolvimento visual saudável da criança. Se você notar qualquer sinal de desalinhamento nos olhos do seu filho, procure um oftalmologista infantil. O cuidado precoce pode fazer toda a diferença!